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Escrever é muito mais do que uma mera paixão, é uma parte de mim!
Na poesia, os pensamentos, as ideias e as emoções ganham vida própria, deixam de ser uma parte do autor e rompem a fronteira do "eu" , abraçando, assim, outras realidades, outras vidas.
Nélson J. Ponte Rodrigues

sábado, 11 de outubro de 2014

Desapego!

Sejam bem-vindos à era do consumismo desenfreado e do fácil desapego. Atualmente, a sociedade tende a sobrevalorizar os embrulhos, as aparências, negligenciando, assim, muitas vezes, o que realmente importa: o conteúdo. Vivemos num mundo onde quase tudo deve ser fácil, aprazível à primeira vista e supérfluo. O ser humano está, portanto, cada vez mais distante da sua vertente humana, pois aprecia os bens materiais e o seu próprio ego em demasia.

O sucesso e o dinheiro devem ser instantâneos hoje em dia. Ninguém quer perder muito tempo. Poucos são aqueles que têm paciência para se dedicarem de corpo e alma a algo ou alguém em longo prazo.

O tédio e a monotonia só matam as relações débeis. Aparentemente, ninguém quer sacrificar-se em prol de algo ou alguém. Infelizmente, as tentações enlouquecem o ser humano nos momentos de dificuldade ou dor. Poucos resistem. Tudo aquilo que envolve empenho e dedicação dificilmente sucumbirá ao desgaste do tempo ou às adversidades.

Sem empenho ou dedicação, jamais existirá mérito ou orgulho genuíno. O amor e a amizade, entre outros sentimentos nobres como a compaixão e a lealdade, aparentemente perderam o seu encanto e valor. O egoísmo, os caprichos e a ganância humana têm vindo a corromper a alma e a mente humana. Tais míseros sentimentos asfixiam silenciosamente o bom senso e a humildade que todos nós deveríamos proteger e acarinhar. Estamos a perder o nosso lado mais terno e belo. Estamos tão distantes uns dos outros mesmo quando estamos tão perto geograficamente.

A tecnologia quebrou muitas barreiras nas últimas décadas. É um facto! Contudo, a tecnologia que inicialmente aproximou familiares, amigos e não só, tende cada vez mais a afastar as pessoas e a promover a solidão. Irónico, não é? O brilho da ilusão cegou a razão. A tecnologia não deve substituir a antiga interação humana. Todavia, o brilho e as cores que as máquinas (aparelhos eletrónicos) possuem, roubaram e continuam a roubar o protagonismo das conversas autênticas, cara a cara.  

Qualquer dia, teremos de reaprender a sociabilizar. As máquinas estão, assim, a ocupar o lugar das pessoas, isto é, comunicamos, na verdade, com as máquinas em vez de falarmos diretamente com as pessoas.

Perante tantas coisas para fazer ou ver, o ser humano está perigosamente radiante. Num mundo com tanto para oferecer graças às novas tecnologias, e não só, o ser humano acaba por não apreciar verdadeiramente quase nada. O fascínio que sente por algo, nasce e morre num instante. Essa é a realidade. Nada nem ninguém é verdadeiramente apreciado hoje em dia...

Felizmente, ainda existem poucas, mas valiosas pessoas que não fazem parte deste rebanho enfermo. Todos nós deveríamos amar as pessoas e não os objetos!

A beleza interna não envelhece, apenas engrandece aqueles que a têm. Por outro lado, a beleza externa que nos cativa facilmente perde todo o seu encanto quando lá dentro desse corpo não existe mais nada de interessante ou empolgante.

O tempo revela a autenticidade das pessoas e mantém nas nossas vidas aquelas que realmente importam, aquelas que valorizam ou compreendem o que nós realmente somos. Jamais um corpo esbelto ou doces palavras poderão cegar ou calar a razão. Quem vive na sua própria ilusão, sofrerá mais tarde ou mais cedo. Logo, não devemos negligenciar o que vemos ou ouvimos. Perdemos tempo de vida e a vida não nos compensa por isso. Devemos, assim, aceitar as pessoas como elas são. O nosso instinto natural para detetar incongruências e farsas está, geralmente, certo. Só os atos demonstram verdadeiramente as nossas convicções, os nossos princípios, o que sentimos, o que somos. Ninguém consegue representar o que não é por muito tempo.

Quanto mais conheço as pessoas, mais me apaixono pelos animais. A genuinidade dos animais e a cooperação entre algumas espécies são invejáveis. Estaremos numa fase de transição na qual a raça humana está a perder o seu lado humano? É uma questão pertinente.

Nélson José Ponte Rodrigues

11-10-2014





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