Não me enumeres tantas virtudes. Dá-me a conhecer
antes os teus defeitos. Nos meandros que rodeiam o teu ser, saberei
se serei capaz de te amar. Eu prefiro o silêncio que não ensurdece a sensatez.
Prefiro um olhar cru que te dispa, que me permita ver tudo aquilo que as palavras
tentam esconder. As belas declarações de amor são
mais genuínas quando não são ditas, mas sim sentidas.
Se aceitas o meu lado mais sombrio, imagina o quão feliz
serás quando conheceres o outro lado. É tão fácil e confortável percorrer o caminho mais tranquilo em primeiro
lugar. E depois? Conseguirás acompanhar-me quando o caminho ficar sinuoso?
Perante a(s) primeira(s) tempestade(s), ficarás ou fugirás de imediato?
Amas o que
eu sou ou a folia que te dou? Esse é um
erro comum: amar o lado macio sem conhecer ou desejar conhecer o lado áspero
também. Não se ama metade de uma pessoa,
pois não? Ama-se por inteiro.
Não se ama apenas ao fim de semana. Ama-se durante todos os dias da semana. Não se ama
metades. Não se ama às vezes. O amor oscila, mas não tira férias. Só o tempo
ensina a amar, a valorizar ou repudiar. Não se ama depressa. Ama-se devagar. A
paixão é o que muitos chamam de amor. Essa vive dos impulsos mais primordiais, idolatra
declarações convencionais. Na verdade, as palavras deturpam facilmente a
realidade quando o calor abunda entre dois corpos.
Queres amar-me verdadeiramente? Não faças como a
maioria. Observa, então, o que sou, não quem aparento ser, pois dessa forma
saberás quem sou sem filtros nem farsas encenadas.
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