Pior do que não
ter, é ter tido a oportunidade de ter e depois ter deitado tudo a perder por
negligência ou cobardia. Ninguém gosta de perder, suponho. Todavia, quando
somos forçados a perder algo ou alguém é, concomitantemente, doloroso e irritante.
Dar tanto para ficar sem nada no final, é frustrante demais. Ninguém irá
investir o seu tempo e/ou dinheiro em algo ou alguém, se à partida souber que o
fruto do seu investimento nunca verá a luz do dia, isto é, o retorno da sua
dedicação. Perdemos tempo sempre que não alcançamos os nossos objetivos.
Aprendemos uma lição de vida, mas perdemos tempo. É um facto!
A vida está
repleta de súbitas vicissitudes que não controlamos ou prevemos. O fogo que nos
aquece é o mesmo que nos queima, isto é, as pessoas que nos fazem felizes
também nos podem magoar. Devemos dar uma segunda oportunidade à pessoa que
amamos?
A dúvida, essa
voz latejante, que, por vezes, atormenta a existência humana para sempre, é uma
das piores dores que existem! Não se vê à superfície da pele, mas sente-se por
dentro incessantemente! É uma voz que, geralmente, no silêncio da noite,
atordoa e magoa profundamente. Podemos ignorá-la ou mascará-la de diferentes formas,
mas, infelizmente, estará sempre lá à nossa espera e atacar-nos-á impiedosamente
nos momentos de fraqueza ou saudade.
Nada nem ninguém
será eternamente nosso... Não podemos arrumar ninguém numa prateleira ou
gaveta. A vida continua. As pessoas que amamos não ficarão eternamente à nossa
espera. Os sentimentos esmorecem. É inevitável. Se amas alguém, declara-te! Não
receies a rejeição, pois essa faz parte da vida! Não te alimentes de incertezas
ou ilusões.
A realidade nem
sempre é justa ou lógica. Habitua-te! Nem todos os seres humanos sabem
valorizar ou identificar o que é realmente importante nesta fugaz passagem pelo
planeta Terra, isto é, o amor! Nada é mais importante do que amar e ser amado
na mesma proporção. Aqueles que não se entregam de corpo e alma a alguém, nunca
serão capazes de amar ninguém.
Amar tornou-se
numa palavra muito banal, hoje em dia, na minha opinião. Muitos proferem tão
nobre palavra em vão. "Amo-te" soa tão bem... Cuidado! O amor é muito
mais do que belas noites de amor, passeios pelo parque ou jantares românticos. Poucos
são aqueles que sentem o seu impacto dentro do peito ou compreendem o que esse
acarreta. Muitos apaixonam-se por breves instantes, poucos se amam até à morte!
O verdadeiro e único amor tem de ser eterno e imbatível! Se não resistir aos
primeiros ventos de discórdia... será amor? Quem ama dificilmente desiste da
pessoa que ama.
Nem a beleza nem
a riqueza são elementos decisivos no amor. Valoriza-se em demasia, cada vez
mais, a casca (a aparência) e pouco o conteúdo (a índole). Só é verdadeiramente
feliz aquele que sabe o que quer e o que não quer também. Quem tudo quer, tudo
perde! Logo, ao longo da vida, temos de estabelecer prioridades. Nem sempre o
que queremos vale a pena... Caprichos, desejos, vontades, todos nós temos.
Quais são viáveis ou realmente importantes? Essa é uma pergunta pertinente! Por
outro lado, temos de estar preparados para aquilo que queremos. Não podemos
fazer uma limonada sem limões...
Estás sozinho?
Ainda não entregaste o teu coração a ninguém? Então, abre o teu coração! Quem
tem medo da felicidade repentina, do prazer desconcertante, das paixões
fulminantes ou do amor arrebatador não pode e nem deve reclamar da sua
"falta de sorte" ou do seu aparente carma que, frequentemente, atrai
o infortúnio. A infelicidade está, geralmente, associada à inércia, à frouxa
perseverança, ao orgulho exacerbado... Que leviana mutilação autoimposta. Vive!
Arrisca! Sê feliz ou, simplesmente, sonha com essa felicidade que poderias ter
tornado realidade!
E quando estamos
felizes, devemos abdicar dessa felicidade? Não! Nada está garantido em nosso redor.
Nada, absolutamente nada! Nem tudo é reversível. Ama quem te ama. Tenta
esquecer quem já te esqueceu. Não valorizes quem não te valoriza! Nós só
valorizamos, de verdade, um determinado sentimento quando o sentimos na pele. É
um facto incontornável! Jamais alguém saberá descrever perfeitamente, por
exemplo, o vazio que uma pessoa deixou na tua vida.
Vivemos na era
do desapego. Aparentemente, já não existe uma distinção colossal entre as
pessoas e os objetos: quase tudo e todos têm um preço, validade e função.
Usa-se, bajula-se e deita-se fora quando se torna obsoleto ou desinteressante. Não
podes controlar o trajeto das pessoas que amas. Embora a realidade seja, por vezes,
dura e cruel, a vida é uma dádiva. Aproveita! Não desistas! Sê feliz: uns dias
pouco, uns dias muito. Luta pela tua felicidade. Sorri.
Nélson José Ponte Rodrigues
16-04-2014
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