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Escrever é muito mais do que uma mera paixão, é uma parte de mim!
Na poesia, os pensamentos, as ideias e as emoções ganham vida própria, deixam de ser uma parte do autor e rompem a fronteira do "eu" , abraçando, assim, outras realidades, outras vidas.
Nélson J. Ponte Rodrigues

sexta-feira, 18 de março de 2016

Corpos

Se amar é sofrer,

Ter e perder,

Prefiro na solidão permanecer,

Pois nem mais uma lágrima irei verter.

Já entreguei tudo e fiquei sem nada…

Só com as lembranças da pessoa amada.

Tanto tempo perdi

A criar mulheres inexistentes,

Romances surpreendentes.

Sim, já me apunhalei algumas vezes, isto é, quando criei pessoas irreais.

Vi, momentaneamente, seres sensacionais.

Depois, acordei...

Não queria sofrer, ver a realidade.

Sim, fui servo das minhas mentiras e ilusões,

Embora a verdade estivesse diante de mim

E até já conhecesse o fim.

Adiar o que te fará sofrer,

Não o impedirá de acontecer. (Isso já constatei.)

Atualmente, acredito em poucas coisas...

O amor atual tem como base o desejo que irrompe ao amanhecer,

Mas que sucumbe muitas vezes antes do primeiro entardecer.

Muitos desejam, poucos amam...

Essa palavra que outrora tinha tanto brilho e charme.

Hoje em dia, tornou-se banal e opaca, sobrevalorizando-se a carne.

Um dia perguntaram-me: Então, já não acreditas no amor?

Na definição de amor atual, não! Na vontade, sim! Essa é bem percetível!

A vontade, essa qualidade humana, que é sempre visível.

Qualquer um declara o seu suposto amor...

Contrariamente, a vontade tem sempre um digno autor.

Qualquer vagabundo despe uma mulher

E qualquer rameira se rende ao seu sobejo querer.

Tudo é tão fácil e instantâneo.... Perdeu-se o encanto do cortejo!

O corpo, para alguns, já não é um templo, é uma estrada.

Todos podem andar nela sem pagar (por vezes), sem aguardar, sem expetativas criar...

Dia após dia, a palavra amor é maltratada.

Trata-se de uma planta que por muitos é regada e acariciada.

No meio de tanta atenção, fica, na verdade, desvalorizada.

Vejo tantos corpos deambulando por aí... e onde estão as suas almas?

A vulgaridade nunca tornou ninguém especial nem imortal.

Aprecia-se em demasia a fugacidade e a excentricidade.

Estarão tantos corpos em saldos?

Tudo é possível quando o cérebro deixa de funcionar, de opinar!

Corpos... vejo tantos corpos todos os dias!

Onde estão as pessoas, os corpos com alma e consciência?

Que enorme demência!

Com orgulho, grito: faço parte da resistência!

 

Nélson José Ponte Rodrigues

18-03-2016





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