Mais ou menos?! Não estamos a falar de amor, pois não? Quem ama já abdicou
dessa teoria frívola e absurda há muito tempo. A paixão, as desavenças, os
objetivos mútuos são finitos. O amor quando é autêntico nunca termina, transforma-se.
O ser humano procura muitas vezes um ser perfeito, idêntico, que se vergue
às suas vontades e aspirações. Tal ser não existe nem nunca existiu. Fala-se
tanto em amor. Fala-se! Não se sente. O amor é, na verdade, uma felicidade
tão pacata que até chega a ser enfadonha. O amor tranquiliza, não
inquieta.
Algumas pessoas não querem ser amadas ou não sabem amar (ou ambas),
isto é, querem um espelho de si mesmas (um outro "eu" com outro
nome), um passatempo, um abrigo, um corpo bem torneado ou um bolso recheado.
Amar é um ato complexo que alguns felizardos consideram tão simples e
natural. A capacidade de amar pessoas está em vias de extinção. É bem mais
fácil amar objetos e experiências, não é?!
Recorrendo a pouca palavras: o amor é sereno, e a paixão turbulenta. Surpreendido?!
O amor é mesmo assim! Aparentemente,
a maioria vive grandes paixões. Logo, muitos transitam de paixão em paixão. A
cama nem arrefece. Há logo outro que a aquece. Assim sendo, não amaram a outra
pessoa. Quem ama, precisa de tempo para esquecer, precisa de tempo para
renascer. Os apaixonados desconhecem tal necessidade. Porquê? Os apaixonados
partilham unicamente o seu corpo, os amantes entregam o corpo e a alma. É
criado um vínculo. No amor, já não há dois. Há um, apenas.
Todos falam acerca do amor. Creio que a palavra se tornou banal. Contudo,
poucos saboreiam o aclamado amor. Para amar, é preciso esperar, é preciso ceder
às vezes.
Apaixonar-se é fácil, amar já é mais difícil. É um processo moroso. Atualmente, o ser humano é demasiado impaciente. Tudo tem de acontecer rapidamente. Só há lugar para o prazer e folia. Ninguém quer sofrer. Porém, quem respira, sofre. É uma das leis da vida.
Nelson José Ponte Rodrigues
29-08-2016
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